A determinação de fenol em amostras de ADF e produtos de limpeza

Este trabalho apresenta os resultados de um estudo sobre as concentrações de fenol em diferentes amostras de ADF – Areia Descartada de Fundição, as quais foram comparadas com as de produtos de limpeza domésticos. Os dados obtidos evidenciam que a areia de fundição é sim um coproduto seguro e não um resíduo perigoso à vida humana e ao meio ambiente.

A utilização de resinas fenólicas na indústria de fundição data da década de 1950. Ela é empregada na
substituição de cimentos, silicatos e bentonitas, sendo usadas em misturas com agregados, para confeccionar machos e moldes. O processo de confecção de moldes e machos envolve materiais refratários granulados, aglomerantes, aditivos e aceleradores de cura. Os aglomerantes podem conter produtos fenólicos e até mesmo residuais de fenol livre.

O fenol é um composto da classe dos hidrocarbonetos aromáticos, com fórmula molecular de C6H6O. Ele é obtido naturalmente a partir do alcatrão da hulha, sendo frequentemente utilizado como desinfetante industrial, na manufatura de nylons e na indústria de petróleo. Os compostos fenólicos estão
presentes em alguns alimentos, como na uva e no morango, sendo uma substância essencial para o funcionamento do corpo humano.

Na literatura, os resíduos sólidos podem ser classificados de várias maneiras. Segundo a sua natureza física ou pelo grau de biodegradabilidade, que transita entre alta, média e baixa degradação; em função da composição química do resíduo, podendo identificá-lo, com mais facilidade, dividindo ou classificando a sua matéria em orgânica e inorgânica; em função da sua origem, embora a classificação pelo grau de periculosidade também seja bastante utilizada.

De modo geral, os processos de fabricação de machos e moldes mais utilizados são os que utilizam o fenol como base das formulações para as resinas. Estes sistemas de resinas são balanceados, para que todo o fenol seja polimerizado, resultando em baixo risco de fenol livre após o processo de cura. Adicionalmente, o fenol livre volatiliza a baixas temperaturas, aproximadamente 200°C, enquanto as temperaturas de vazamento dos metais variam de 800°C a 1600°C.

Foram coletadas quatro amostras de machos contendo resina fenólica em sua composição. Cada amostra foi dividida em duas partes, as quais foram enviadas para dois laboratórios credenciados pelo INMETRO, para análise do respectivo composto.

Ao se avaliar as médias de resultados, observa-se que a concentração de fenol nas amostras “macharia cold box não estufada” apresentaram os maiores valores (de 16,73 mg/L), enquanto as amostras após o processo de secagem em estufa a 200°C apresentaram concentração de 1,13 mg/L de fenol. Após o vazamento do metal, a concentração do fenol foi reduzida para 0,0062 mg/L. Estes resultados comprovam que as concentrações de fenol na ADF são inferiores aos estabelecidos na norma NBR 10.004/2004. Todas as amostras excederam o valor máximo permitido pela legislação, mas, entre as amostras analisadas, as dos “desinfetantes” apresentaram concentrações de fenol muito maiores (>2.000 mg/L) que as amostras de fundição.

De acordo com os resultados apresentados neste estudo, foi possível verificar que a metodologia atualmente usada para a determinação do fenol necessita de adaptação. Sabe-se, ainda, que há vários tipos de compostos fenólicos, e que para a classificação de resíduos de acordo com a norma da ABNT NBR 10.004, é feita a análise de “fenóis totais”. O ideal seria que fosse feita somente a análise do composto “fenol livre”, que é o que pode causar danos ao meio ambiente.

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